Digestão

A digestão é o conjunto das transformações mecânicas e químicas, que os alimentos orgânicos sofrem ao longo de um sistema digestivo, para se converterem em compostos menores. Nos seres humanos, o processo ocorre da seguinte maneira: quando o alimento é colocado na boca, com a ação dos dentes (mastigação) e da saliva (ação química sobre o amido), ele transforma-se em bolo alimentar. Esse bolo alimentar desce pelo esôfago até ao estômago, onde, pela ação física dos movimentos da parede do estômago (movimentos peristálticos) e a ação química do suco gástrico (ou estomacal) se transforma em quimo.

O quimo segue então para a região pilórica, atravessa o duodeno onde recebe os sucos intestinais e o suco pancreático que, com a ajuda de enzimas, decomporão ainda mais a massa alimentar, transformando-a em quilo, que entra no intestino delgado.

Ali, pelo efeito dos movimentos peristálticos do intestino, o quimo vai sendo deslocado em direção ao intestino grosso, enquanto vai ocorrendo a absorção dos nutrientes, com a ajuda das vilosidades intestinais. A parte que não é aproveitada do quimo é, finalmente, evacuada pelo ânus sob a forma de fezes.

Aftas

A afta é uma ferida na mucosa da boca. Caracteriza-se por pequenas erupções que surgem na mucosa labial interna - primariamente nos lábios, gengivas e na língua - o que ocasiona incômodo e dor. Não se conhecem ainda exatamente as causas. Os dados científicos sobre o assunto sugerem que ela provavelmente é uma manifestação geralmente de natureza imunológica. Comumente, a afta permanece instalada no organismo cerca de uma semana, podendo chegar, em alguns casos, até duas semanas.

Segundo a crença popular, alimentos e frutas ácidas como o abacaxi e o limão, assim como temperos picantes, podem funcionar como possíveis indutores da formação de aftas, preferencialmente em quem já apresenta tendência para o problema. Mas os principais desencadeantes das lesões são o stress e trauma local (por doenças dentárias ou próteses mal ajustadas). Outros fatores de menor importância são doenças sistêmicas, imunopatias, deficiência nutricional, alergia a alimentos, predisposição genética, certos medicamentos e infecção pelo HIV.

Ascite

A ascite (conhecida popularmente no Brasil como barriga d´água) resulta do acúmulo de líquido seroso ou serofibroso na cavidade abdominal.

Na medicina gastroenterológica, a ascite é um acúmulo de fluídos na cavidade do peritônio. Ela pode muitas vezes esconder outros problemas médicos, como cirrose e doenças graves do fígado. O diagnóstico é usualmente feito recorrendo-se a testes de sangue, uma ultra-sonografia do abdomen e remoção direta do fluído por uma agulha ou paracentese (que também pode ser terapêutica). O tratamento pode ser feito com medicação (diuréticos), paracentese ou outros tratamentos direcionados para a causa.

A ascite leve dificilmente é percebida, mas se severa leva a distensão abdominal. Pacientes com ascite geralmente queixam-se de sensação de peso e pressão progressivos no abdome, além de dificuldade respiratória pelo impedimento mecânico da contração (e descida) do diafragma.

Câncer de colo e reto

O câncer de cólon é um tumor maligno que, freqüentemente, ocorre no aparelho digestório (intestino grosso). Muitas vezes se desenvolve sem sintomas que possam alertar os pacientes para um tratamento precoce; mas assim mesmo, são cânceres que, uma vez detectados, podem apresentar um bom índice de cura.

A endoscopia é um exame que localiza os tumores de cólon e reto, ao mesmo tempo em que possibilita - através da Biopsia (retirada de parte ou todo o tumor) durante a colonoscopia - a identificação do tipo de tecido do tumor, orientando o médico para o tipo de tratamento e evolução da doença. Para tumores localizados no reto (porção do intestino grosso que se situa antes do canal anal) o diagnóstico pode ser realizado pelo médico em seu consultório através de toque retal.

Alguns sintomas ou sinais podem denunciar a presença de tumores de cólon e reto: sangramento anal, eliminação de muco junto com as fezes, modificação do ritmo de evacuações, dores localizadas nos trajetos do intestino grosso, aumentos localizados no abdome.

Existe uma parte da população chamada de "população de risco"; são aqueles indivíduos que tem ou tiveram familiares com tumores no aparelho digestivo ou mais exatamente no intestino grosso. Esses deveriam se submeter a uma colonoscopia para esclarecer a causa dos sinais ou sintomas já relatados.

Câncer de esôfago

Há mais de 1000 anos o tumor de esôfago vem sendo reconhecido como causador de morte. Embora a causa do câncer do esôfago seja desconhecida, existem condições predisponentes bem definidas como: megaesôfago (aumento do diâmetro), acalásia (falta de relaxamento do esfincter de transição esôfago-gástrico), esôfago de Barrett (esofagite de refluxo), injúria cáustica, divertículos e agentes infecciosos (papiloma vírus). O consumo excessivo do álcool e o hábito de fumar, isoladamente, aumentam o risco de desenvolver o câncer de esôfago e, quando associados, multiplicam-no. A dieta pobre em vitaminas, assim como a ingestão de compostos ricos em nitrato, contribuem para esse estímulo.

Usualmente o primeiro sintoma é a dificuldade para ingerir os alimentos; esse, quando presente, é um sinal de doença, na maioria das vezes, já avançada. A perda de peso é outro sinal freqüente.

O método mais barato de diagnóstico, mais cômodo para o paciente e com bons resultados, é a endoscopia digestiva alta (biópsia + lavado) e o exame radiológico com ingestão do bário (contraste).

Câncer de estômago

O estômago é o órgão que vem logo após o esôfago no trajeto do alimento dentro do aparelho digestório. Ele tem a função de armazenar por pequeno período os alimentos deglutidos, para que possam ser misturados ao suco gástrico, o qual participa do processo de degradação química dos alimentos.

Até 1988 o câncer do estômago era a maior causa mundial de morte por câncer e a estimativa de 1980 era de que surgiriam anualmente 670.000 novos casos. No Brasil é a segunda causa de morte entre os homens e a terceira entre as mulheres.

O prognóstico para o câncer do estômago é refletido pelo diagnóstico na maioria das vezes tardio. O câncer do estômago é mais comum nos homens, iniciando na faixa etária dos 40 anos e aumentando gradativamente, com o pico de incidência na sétima década de vida, sendo um pouco mais precoce nas mulheres.

Câncer de pâncreas

O câncer de pâncreas ocorre com maior freqüência nas pessoas acima dos 60 anos e é caracterizado por um quadro de emagrecimento, perda do apetite, dores nas costas ou no abdome além de icterícia (aspecto amarelado dos olhos e da pele). O fato de um paciente apresentar estes sintomas não significa que apresente a doença, e sim que deva procurar um médico para um diagnóstico preciso.

A maioria dos tumores ocorre na cabeça do pâncreas, mas o corpo e a cauda também podem ser acometidos. O diagnóstico é feito através de um exame clínico detalhado no consultório e com o auxílio de alguns exames, como exame de sangue, ultra-som e tomografia, dependendo de cada caso.

O tratamento preferencial na maioria dos casos é a cirurgia. A localização do pâncreas, situado entre vários órgãos e vasos importantes, torna a cirurgia delicada. Outras opções como a quimioterapia e a radioterapia podem ser indicadas dependendo do tipo de tumor.

Cirrose

Cirrose é o nome atribuído à doença que pode afetar o fígado, transformando o tecido formado pelas suas células originais em tecido fibroso. O tipo mais comum de cirrose, a cirrose hepática, afeta o fígado e surge devido ao processo crônico e progressivo de inflamações (hepatites), fibrose e, por fim, formação de múltiplos nódulos, que caracterizam a cirrose. A cirrose é considerada uma doença terminal do fígado, levando a complicações decorrentes da destruição de suas células, da alteração da sua estrutura e do processo inflamatório crônico.

A capacidade regenerativa do fígado é conhecida, e até faz parte da mitologia grega. É possível retirar cirurgicamente mais de dois terços de um fígado normal e a porção restante tende a crescer até praticamente o tamanho normal, com um processo de multiplicação celular que se inicia logo nas primeiras 24 horas. No entanto, a cirrose é o resultado de um processo crônico de destruição e regeneração, com formação de fibrose. Nessa fase, a capacidade regenerativa do fígado é mínima.

Apesar da crença popular de que a cirrose hepática é uma doença de alcoólatras, todas as doenças que levam a inflamação crônica do fígado (hepatopatia crônica) podem desenvolver essa patologia. No início não há praticamente nenhum sintoma, o que torna difícil o diagnóstico precoce, pois a parte ainda saudável do fígado consegue compensar as funções da parte lesada durante muito tempo. Numa fase mais avançada da doença podem surgir desnutrição, hematomas, sangramentos de mucosas (especialmente gengivas), icterícia (amarelão), ascite (barriga-d'água), hemorragias digestivas (por diversas causas, entre elas o rompimento de varizes no esôfago, levando o doente a expelir sangue pela boca e nas fezes) e encefalopatia hepática (processo causado pelo acúmulo de subtâncias tóxicas que leva a um quadro neurológico que pode variar entre dificuldade de atenção e coma).

O único tratamento totalmente eficaz para pacientes com cirrose é o transplante de fígado, mas pode haver melhora se for retirado o agente agressor que originou a cirrose, como o álcool ou o vírus da hepatite.

Constipação Intestinal

Constipação intestinal, no Brasil conhecida popularmente como "intestino preso", é a dificuldade de eliminação das fezes, as quais se tornam ressecadas e, na maioria das vezes, com aumento do intervalo entre as evacuações. É um sintoma comum em pessoas que ingerem dieta com pouca fibra alimentar de baixa ingesta hídrica.

Em crianças a constipação pode vir acompanhada de outro sintoma muito comum, que é o escape fecal ou soiling, ou seja, o ato de sujar as roupas íntimas involuntariamente.

Cólica Biliar

A bile é composta por três substâncias: o colesterol, os sais biliares e a lecitina. Juntos, em quantidades proporcionais, eles mantêm a bile em estado líquido. Quando o colesterol ou os sais biliares são produzidos em excesso pelo fígado, há precipitação desta substância, formando pequenos grânulos. Estes grânulos são o início das pedras da vesícula biliar.

A cólica biliar ocorre quando uma das pedras fica presa na saída da vesícula impedindo o fluxo de bile, levando a uma distensão da vesícula – no esforço de expelir a pedra. O resultado é uma dor do tipo cólica. Se a pedra permanece na saída da vesícula por um período prolongado, ocorre uma segunda complicação, chamada colecistite aguda. É uma inflamação aguda da vesícula biliar com dor intensa, constante e geralmente acompanhada de febre.

Pacientes com diagnóstico de pedras na vesícula sem nunca terem apresentado sintomas devem conversar com o seu médico a respeito da indicação de cirurgia.

Diarréia

A diarréia consiste no aumento do número de evacuações (fezes não necessariamente líquidas) e/ou a presença de fezes amolecidas ou até líquidas nas evacuações. Normalmente não são graves e prolongam-se pelo máximo de sete dias.

A diarréia é classificada em Aguda, quando dura até 4 semanas e Crônica, quando leva mais tempo do que isso para melhorar. Essa classificação tem importância porque o tratamento e a investigação de cada um dos tipos é diferente.

Muitos fatores podem provocar a diarréia: infecções por vírus, bactérias ou parasitas, água contaminada ou alimentos estragados, alergias, alguns medicamentos (incluindo antibiótico, anti-retrovirais) e doença inflamatória intestinal. Uma diarréia pode conduzir à ocorrência de desidratação, que é a perda acentuada de água e sais minerais do corpo. O tratamento da diarréia consiste essencialmente, em ter alguns cuidados com a alimentação: devem evitar alimentos gordurosos e aumentar a ingestão de água, evitando bebidas muito doces.

Dispapsia Funcional

Cerca de 20% dos adultos possui Dispepsia Funcional. A maior parte das pessoas com queixas do estômago, não têm nenhuma alteração endoscópica que justifique as suas queixas, o que sugere a possibilidade de possuírem Dispepsia Funcional. Ela é uma dor e/ou desconforto persistente, localizada na parte superior do abdômen, sem relação com os exercícios físicos, com duração mínima de quatro semanas e com sintomas ocorrendo em pelo menos 25% desse tempo.

A causa (ou causas) da Dispepsia Funcional é desconhecida, mas sabe-se que é freqüente a partir dos 20 anos de idade, sobretudo no sexo feminino. É uma doença crônica, recorrente. As queixas dispépticas podem ser contínuas, mas geralmente são intermitentes e aparecem exclusivamente durante o dia. Durante a noite raramente incomodam. Existe uma crença arraigada de que há uma relação direta entre fatores psicosociais e a dispepsia funcional, mas não existem estudos que o confirmem.

Doença diverticular

A doença diverticular do cólon é uma condição que surge do aparecimento de divertículos, ou seja, protrusões saculares da mucosa colônica através da camada muscular do órgão. Engloba a diverticulose (presença de divertículos), a diverticulite (inflamação de um divertículo) e sangramento diverticular.

Doença celíaca

A doença celíaca (também conhecida como enteropatia glúten-induzida) afeta o intestino delgado de adultos e crianças geneticamente predispostos. É precipitada pela ingestão de alimentos que contém glúten e causa atrofia das vilosidades da mucosa do intestino delgado, prejudicando a absorção dos nutrientes, vitaminas, sais minerais e água.

Os sintomas podem incluir diarréia, dificuldades no desenvolvimento (em crianças) e fadiga, embora possam estar ausentes. Além disso, diversos sintomas associados em todos os sistemas do corpo humano já foram descritos. A doença é muito comum, embora seja significativamente não-diagnosticada, já que na maioria dos portadores ela causa sintomas mínimos ou ausentes. Ocorre com mais frequência em mulheres e em parentes de primeiro grau de portadores.

Atualmente, o único tratamento efetivo é uma dieta estritamente sem glúten, por toda a vida. Noventa por cento dos pacientes que são tratados com a dieta livre de glúten apresentam melhora dos sintomas em 2 semanas. Não existem medicamentos que previnem os danos aos intestinos quando o glúten estiver presente. A aderência estrita à dieta permite que os intestinos se curem, com a regressão completa da lesão intestinal e resolução de todos os sintomas na maior parte dos casos. O acompanhamento de um nutricionista é geralmente requisitado para garantir que o paciente esteja consciente de quais comidas possuem glúten, quais comidas são seguras e como ter uma dieta balanceada apesar das suas limitações.

Doença de Crohn

A Doença de Crohn é uma doença crônica inflamatória intestinal, que atinge geralmente o íleo e o cólon, mas pode afetar também outras partes do aparelho gastrointestinal. Os sintomas e tratamentos dependem do paciente, mas é comum haver dor abdominal, diarréia, perda de peso e febre. Atualmente não há cura para esta doença, no entanto, os tratamentos permitem alívio dos sintomas e melhoria de qualidade de vida.

A Doença de Crohn é uma das principais doenças inflamatórias intestinais – a outra é a Colite Ulcerosa. Muitos acreditam que a doença de Crohn e a Colite Ulcerosa são duas manifestações extremas de uma mesma patologia intestinal. A doença atinge particularmente jovens (mais mulheres do que homens) com idades entre 10 e 30 anos, em países industrializados.

É importante frisar que, apesar de possivelmente desencadeada por um agente infeccioso, a doença é geralmente causada por uma alteração imunológica do próprio indivíduo devido a fatores genéticos e não necessariamente causada por um micróbio. Em individuos sem essa susceptibilidade, esse microorganismo nunca causa a doença.

A primeira descrição científica da doença ocorreu em 1913, pelo escocês Dazliel; no entanto, só foi largamente reconhecida quando Burrill Crohn e dois colegas descreveram vários casos em 1932.

Doença do refluxo

O refluxo gastroesofágico ou doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) consiste no refluxo de conteúdo gástrico presente no estômago para o esôfago, normalmente ácido, embora possa ser também de conteúdo biliar, neste caso chamado refluxo alcalino. O sintoma mais comum é a pirose (sensação de queimação que pode subir até a garganta) e sensação de regurgitação. Pode ocorrer também dor precordial, em queimação, simulando uma dor cardíaca; problemas respiratórios (asma, broncopneumonia) ou tosse; pigarro e rouquidão.

Os fatores de predisposição para a doença mais comuns são a presença de hérnia do hiato esofágico, obesidade e tabagismo, entre outros. Os casos leves são tratados com medicamentos antiácidos e melhoram seu esvaziamento. São também indicadas medidas como não deitar após as alimentações e dormir com a cabeceira da cama mais elevada. Para os casos mais graves e aqueles que não respondem ao tratamento clínico, a solução pode ser o tratamento cirúrgico.

Dor abdominal

Dor abdominal pode ser um sintoma associado a distúrbios transitórios ou a doenças mais graves. O diagnóstico definitivo da causa da dor pode ser difícil, pois muitas doenças podem apresentar sintomas semelhantes, incluindo doenças funcionais (como a síndrome do intestino irritável), que podem levar a dores crônicas de localização variada e até migratória, sem qualquer anormalidade em exames complementares.

Esôfago de Barret

Esôfago de Barrett é uma complicação da doença do refluxo gastroesofágico. Os sintomas são, em geral, os mesmos dos pacientes com doença do refluxo gastroesofágico não-complicada. O quadro clínico que mais sugere seu diagnóstico é a continuidade de um refluxo de longa duração e episódios de pirose (azia) noturna, em geral, acima de 5 anos.

O diagnóstico é realizado por endoscopia digestiva alta. No exame pode ser notada lesão de cor "salmão" ou cor "vermelho-róseo", na qual é feita uma biópsia.

Esquitossomose

A esquistossomose é a doença crônica causada pelos parasitas multicelulares do gênero Schistosoma. É a mais grave forma de parasitose por organismo multicelular, matando centenas de milhares de pessoas por ano. Há 200 milhões de casos em todo o mundo, com estimativas de mais de 200.000 mortes por ano. A esquistossomose pode ser chamada barriga-d'água, e o mais conhecido nome cientifico é Schistosoma mansoni.

Para evitar esse verme, além do tratamento dos doentes, são importantes a higiene sanitária, a higiene corporal, a higiene alimentar e principalmente não entrar em contato com a água em reservatórios desconhecidos, pois o parasita tem como hospedeiro intermediário o caramujo que vive nesses ambientes. Na parte de higiene alimentar, é bom lavar bem todos os legumes e evitar carnes mal passadas, principalmente a suína. A esquistossomose, com o desenvolvimento da agricultura, passou de doença rara a problema sério.

Muitas múmias egípcias apresentam as lesões inconfundíveis da esquistossomose. A infecção pelos parasitas dava-se nos trabalhos de irrigação da agricultura. As cheias do Nilo sempre foram a fonte da prosperidade do Egito, mas também traziam os caracóis portadores dos Schistosomas. O hábito dos agricultores de fazer as plantações e trabalhos de irrigação com os pés descalços metidos na água parada, favorecia a disseminação da doença crônica causada por estes parasitas. Alguns especialistas acreditam que tanto no Egito como na Mesopotâmia, as duas mais antigas civilizações do mundo, a esquistossomose foi fundamental na sua estrutura social. O povo, cronicamente debilitado pela doença, era facilmente dominável por uma classe que não a contraía por não trabalhar na irrigação, mantendo-se vigorosa. Estas condições permitiram uma estratificação social devida à doença.

A doença foi descrita cientificamente pela primeira vez em 1851 pelo médico alemão T. Bilharz, que lhe dá o nome alternativo de bilharzíase.


Gastrite

A gastrite é uma inflamação do epitélio estomacal, possuindo diferentes significados tanto para os leigos quanto para os médicos. O público freqüentemente usa o termo gastrite como queixa, representando vários desconfortos relacionados com o aparelho digestivo.

As gastrites podem ser agudas ou crônicas. As agudas permitem uma abordagem mais simplificada, por serem de aparecimento súbito, evolução rápida e facilmente associadas a um agente causador (medicamentos, infecções e estresse físico ou psíquico, corticóides, bebidas alcoólicas, ingestão acidental ou suicida de certas substâncias corrosivas, alimentos contaminados por germes ou por suas toxinas, etc).

Em relação à gastrite crônica também existe muita confusão, principalmente no que se refere aos sintomas e à relação com os agentes causadores. Sabe-se que a bactéria Helicobacter pylori pode causar uma gastrite crônica. Esta bactéria vive muito bem no estômago, levando à destruição da barreira protetora que reveste a mucosa do estômago, permitindo que o ácido gástrico agrida a própia mucosa gástrica, o que leva à inflamação da mesma, caracterizando a gastrite. Como a infecção pela bactéria é crônica, a inflamação também segue este padrão. A maioria dos casos crônicos não apresenta sintomas.

Já na gastrite aguda, quando existem queixas, são muito variadas: dor e queimação no abdômen, azia, perda do apetite, náuseas e vômitos, distensão epigástrica (região do estômago), sensação de saciedade alimentar precoce (mesmo com a ingestão de pequenas porções de alimentos), sangramento digestivo nos casos complicados. O tratamento está relacionado ao agente causador.